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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

RESTAURANTE BRASILEIRO

A origem deste post é a pergunta feita pelo amigo Arthur Poetscher dentro de uma comunidade fechada dos alunos da Faculdade de Medicina da USP. Trata-se de uma votação sobre Restaurantes Brasileiros. Como qualquer pessoa pode propor o nome de um restaurante a ser votado, o Arthur tem a ingrata missão de julgar se o restaurante é ou não brasileiro. Tarefa fácil quando alguém coloca o Restaurante 348 que é tipicamente argentino como brasileiro. Para vocês verem que não são só americanos que acham que a capital do Brazil é Buenos Aires.
No dia do lançamento da camiseta na Galinhada do Dalva e Dito
Meu voto óbvio é no Dalva e Dito. Por ter participado de perto da concepção do lugar, da decepção das derrapadas iniciais, do trabalho de recuperação e do evento gastronômico que é a Galinhada do Dalva e Dito (que merecerá post próprio neste blog) meu voto é mais do que justificado.
Como há sempre um mas, vamos falar de alguns concorrentes de respeito. 
O Tordesilhas da talentosa chef Mara Salles. O conceito de trazer pratos de Norte a Sul do país com pequenas releituras técnicas e apresentá-las a um público ávido por novidades, colocou-a entre as estrelas da gastronomia do país com justiça. 
O Mocotó vale (e muito) a ida até a Vila Medeiros. Lembro que a primeira vez que ouvi falar do Rodrigo foi aquela conversa "quem será o cara do futuro", muita gente boa apontou para ele. O futuro já chegou, participando de eventos mundiais como o Gastronomika, a realidade é que ele também já se firmou como estrela no cenário mundial.
Brasil a gosto com o interessante trabalho da jovem Ana Luiza Trajano, dublê de jornalista e chef de cozinha, faz uma releitura de pratos contemporâneos com utilização de produtos brasileiros, diria uma tendência dos jovens chefs deste país.
Vamos ao ponto que quero falar: se pararmos para analisar, teremos dificuldade em determinar um único prato que possa ser considerado brasileiro. 
Para ser considerado nacional, este deve ser feito e consumido de Norte ao Sul do país. 
O que vamos ter? Feijoada é a resposta óbvia. Não tão óbvia assim. Primeiro dizer que é um prato da senzala é desconsiderar uma série de fatos. Em primeiro lugar os ingredientes básicos que a compõem não são sobras. Uma pequena viagem pela culinária mundial garantirá que muitos países tem como pratos nobres miúdos e visceras de animais. Considerar lombo, carna seca, paio, linguiça como sobra é no mínimo injustiça com o porco. Se traçarmos comparações, pratos europeus fronteiriços da Espanha, Portugal e França tem semelhanças inegáveis com o Caussolet francês. E se procurarmos nas colônias, no meio da Cozinha Creole típica da Lousiana vamos encontrar o Jambalaia que também guarda uma semelhança inegável com a nossa feijuca. Ah, mas o churrasco é brasileiro. Infelizmente temos que dividir esta com os hermanos argentinos e uruguaios, isto sem falar no Barbecue Norte Americano. Acho que foi o Josimar Melo que escreveu que o prato tipicamente brasileiro é a mandioca. Servido nas mais diversas formas, apresentações e texturas é o alimento único e genuinamente brasileiro.
Tudo isto para falar no MANI, charmoso restaurante comandado pelo casal Daniel Redondo e Helena Rizzo. Mani é uma corruptela de Manioca, uma das muitas formas de chamar nossa raiz nacional. Conceitualmente este é um restaurante que é brasileiro por definição. A atualidade e o talento dos chefs, que também trilham este caminho aberto pelo Alex Atala, da utilização de produtos nacionais utilizando técnicas gastronômicas internacionais, alcançando resultados reconhecidos internacionalmente. A experiência de degustar pratos deste dedicado casal nos remete a satisfação de comer comida brasileira. 
LKK

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