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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Conversando sobre petiscos

Falar sobre gastronomia é uma das coisas que mais estão na moda. Afinal todos precisamos comer e para entender um pouco sobre isto é bem fácil.

Muitos de vocês vão pensar ... Lá vem mais um médico que é um chef frustrado ... Pois aí está uma profissão que admiro mas não invejo.

Explico: em primeiro lugar eles trabalham tanto ou mais do que um médico. O cozinhar deixa de ser um prazer para administrar toda uma operação para alimentar pessoas que são difíceis de satisfazer. ...

Definitivamente isto é para quem tem um talento especial.

Certa vez quando falei sobre gastronomia, tentando explicar o inexplicável, isto é, conceituar o que é Alta Gastronomia, comparei-a, ingenuamente, à Alta Costura. Os grandes chefs podem ser comparados aos grandes costureiros, os seus restaurantes com ateliers e todos tem uma tendência de desenvolver uma linha paralela, um pret-a-porter, ou mesmo uma linha de perfumes que pode ser comparado a um vinho, molhos, etc.

A criatividade do Grand Chef também está presente na linha dos molhos, nas linhas de panelas, como nas bolsas dos grandes costureiros. A sorte dos chefs é que ainda não piratearam seus pratos, ainda ...

Muita gente associa gastronomia com frescura... O que também não é verdade. Eu relaciono o ritual gastronômico de comer com vários pratos, vários talheres, com a cultura de se comer aquilo.

Vamos a alguns exemplos. No filme Big Night, filme de produção quase independente (alguém depois posta o link) com Tony Shalhoub (O Detetive Monk da serie de tv a cabo) E Stanley Tucci (de Diabo Veste Prada) fazem os papeis de dois irmãos que tem um restaurante italiano quase falido em Brooklin (NYC). Existe uma cena que traduz esta associação de cultura e gastronomia. Uma senhora fumando (o filme retrata a década de cinqüenta sessenta) acha ruim com o irmão que é maitre do restaurante pois ela pediu um risotto achando que viria uma grande quantidade de vieras e camarão e que achava que viria um espaguete. Secondo (o nome do irmão que é maitre) explica que o risoto não combinaria com espaguete. Mesmo assim ele traria o espaguete e ela prontamente aceitou e solicitou almôndegas. Secondo explica que o espaguete ao sugo não leva almôndegas, mas se ela quisesse ele traria separadamente. A seguir vemos uma cena entre o chef (o irmão Primo) discutindo querendo falar com a cliente, pois considerou uma desfeita.

A diferença de ponto de vista do cliente e do chef explica o que é gastronomia por dois prismas diferentes ... O da mulher que simplesmente quer saciar a fome ... Ou do Primo que quis fazer um prato que remetesse a sua terra Natal.

Para reafirmarmos esta imagem lembremos a cena do desenho Ratatouille em que o chef rato faz este prato para o temido crítico Antôn Ego. Ao comer o prato o critico lembra de sua infância e determina que aquele é o melhor chef francês.

Por hoje ficamos por aqui.

LKK

3 comentários:

jvercelli disse...

KIMURA, onde foi seu fellow de gourmet ?
Estou atrás cara !

BLOG DO KIMURA disse...

Acho que esta ainda é uma área nova, embora existam cursos, inclusive universitários, tem muita gente se formando através de estudo, conversando e, principalmente, comendo.

Auro disse...

Ei, Kimura, parabéns por seu blog. Alta gastronomia é poesia organoléptica. Arte, técnica e , porque não, magia, a serviço de nossos sentidos mais primitivos.